
Sinto-me como estes cabeçudos, entalada num país claustrofóbico e sem futuro. Não acredito em consensos e coros gregos a dizerem todos as mesmas coisas; acredito em divergências e debates com opiniões várias, porque é da diferença que nascem as coisas sólidas. E não vou gostar de viver 4/8 anos com um governo de direita que vai destruir o Estado-social, apoiado por uma Comunicação Social da mesma "côr" a repetir as suas "verdades", enquanto nós vamos escorregando pelo abismo abaixo. Não gosto da subserviência com que os nossos representantes tratam a troika, nem da loucura destrutiva com que lhes garantem que vão cumprir tudo o que pedirem. Foram para eles as primeiras palavras de Passos Coelho e não para os portugueses e, isso diz muito. Não gosto do comportamento da direcção política da Europa, que parece ter perdido nas brumas do egoísmo e da prepotência a sua ideia fundadora. Não gosto dos tempos difíceis que estão avizinham, não só por serem difíceis, mas porque vão ser injustos para os que mais precisam e muito proveitosos para quem nos trouxe até aqui. Não gosto de saber que o meu filho vai ter um futuro mais complicado do que o meu. Não gosto de dizer só não gosto, porque habitualmente arregaço as mangas e vou a luta e, desta vez, só consigo ficar parada e sem esperança.